sexta-feira, 7 de março de 2014

Poeta do mês Rodrigo Santos (Galo Porno)



     O Clube de Leitura continua a divulgar a poesia dos poetas da nossa cidade. No mês de março damos a conhecer a poesia de um antigo aluno da escola, Rodrigo Santos, que assina os seus livros com o pseudónimo Galo Porno. Frequentou esta escola entre 1993 e 1999 e foi aqui que também estagiou, depois de se licenciar em Línguas e Literaturas Clássicas. Publicou catorze livros em edição de autor: poematada I-X, simonódia, contos, meu galo meu falo e parerga - que amavelmente ofereceu à biblioteca da escola. 
    Os contos Grégoire e Autópsia segundo o Filho foram representados no TMG sob a direção de João Louro. 
Atualmente está a reconstruir uma antiga escola primária, onde tenciona morar com a esposa e os filhos. Deixamos aqui dois textos para aguçar a curiosidade dos leitores.
       as tuas palavras*
_______ #1 porque as tuas palavras são
claras como a água sem precisarem de cloro
ou lixívia e porque tuas ideias nelas soam
ritmadas sem adornos dourados ou pesos
supérfluos te escutam benevolentes os homens
que antes te perseguiram acusado de muito
escrever sem nada fazer que além fosse das
letras; e hoje marcham sobre o teu canto, e
hoje se queimam sob o teu canto – porque
descobriste a clareza da ribeira com o leito
sossegado dás de beber da água que corre
pelo pó repousado aprendendo que na margem
deve ficar quem não quer enturvar a sede do
outro lado

.
 as tuas palavras*
_____ #2 agora te espantas por que não falam
assim todos admirando como tentam falar uns com
os outros. e descobres que vão nus debaixo de muito
discurso; e percebes que descalços pensam pisar
tapetes. mas o vento que vem forte atira com eles,
e o tempo frio os aniquila; mas o caminho pedregoso
desfaz-lhes os pés, e o tempo quente os aniquila.
em busca da dignidade humana apagaram a dignidade
animal; assim perecem reunidos e esqueléticos como
fósforos na caixa do demónio que traz a luz. encontram
ao fim todos o carvão com o fumo pelas terras; e
calados se espalham impotentes ao longo dos campos
que alimentam netos desconhecidos

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