sábado, 22 de dezembro de 2012

Poemas de Natal sim




Os poemas não estão muito na moda, são um busílis na escola, dão um trabalhão se nos pedem para irmos além da simples rima ou se as perguntas não encaixam no que compreendemos deles. Mas eles são também nesta altura oásis de mensagens piedosas disfarçadas sob metáforas natalícias: a árvore, as estrelas, a luz, os cânticos celestiais, os anjos. Se clicarem no computador “poemas de natal” vão encher a barriga de poemas e mensagens que vos farão bem. Quero só partilhar convosco o poema “Litania para o Natal de 1967” de David Mourão-Ferreira, que desde há muitos anos me enche a barriga em cada Natal e que recordo na voz poderosa do José Vieira acompanhado pelo coro do Orfeão de Seia a dizer o refrão. Se quiserem ouvir uma declamação interessante, vão a http://www.youtube.com/watch?v=G6Sdff7jnAU. Depois que tal se o declamarem (individualmente ou em grupo) aos familiares? Aqui vai. 

“Litania para o Natal de 1967”

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo


domingo, 16 de dezembro de 2012

FEIRA DO LIVRO USADO FOI A 14 DE DEZEMBRO

Feira teve 122 livros
Há 4 anos que realizamos a Feira do Livro Usado e os números deste ano são próximos dos de anos anteriores. Este ano, no Salão da Escola, foram colocados à venda 122 livros (vindos de alunos, professores e funcionários), tendo sido vendidos 102.
Algumas curiosidades. Dos cerca de 1.000 alunos da escola só 47 ofereceram livros, num total de 72 volumes. E das 40 turmas só 16 participaram nas dádivas. O que se terá passado com as outras? O ano campeão de ofertas foi o 7º ano, com 30 livros, oferecidos por 27 alunos de 4 turmas. O ano que ofereceu menos foi o 9º ano com apenas 3 livros, vindos de 3 alunos, de duas turmas. As turmas que atingiram ou ultrapassaram os 10 livros foram os 7º A (11) e 7º B (10) e ainda o 12º C (10). Quanto aos 170 professores e funcionários, só 20 ofereceram livros, num total de 50 exemplares. Simultaneamente os alunos escreveram dedicatórias nos livros oferecidos, que serão avaliadas no início do 2º período, recebendo as melhores prémios no cartão de aluno.
 Quanto ao número de livros, digamos que se esperava um pouco mais. Queremos sempre mais e melhor. Para o ano, se houver Feira, a campanha terá que ser melhor (ou diferente). Ou será a ideia que estará ultrapassada?

sábado, 15 de dezembro de 2012

UM DIÁRIO DE LEITURA

A noite antes do fim - Dick Haskins
 25/11/2012
Nunca li Dick Haskins antes. Pesquisei o autor e descobri que é um pseudónimo de António Andrade Albuquerque, um escritor português. O livro já de si é pequeno (fácil, portanto, de ler) mas a escrita de Dick Haskins é empolgante, estimula-nos a ler mais e mais. Se pudesse leria tudo num só dia, mas um livro é necessário ser saboreado, o que me leva a ter de esperar e ter paciência. Fico feliz por este tipo de livros (policial) constar na lista da Oficina de Leitura pois com outros penso que não obteria o mesmo prazer. Reconheço que tenho uns gostos diferentes, mas é melhor do que não ler de todo.
Obriguei-me então a parar num momento bastante excitante: a festa de Marcia Laine. Nem sei como consegui parar nesse ponto (muito auto-controlo!) pois penso que é onde se irá descobrir quem persegue Marcia… Saberei então amanhã, ou depois de amanhã, quem é este fanático.

28/11/2012
Concluí agora o livro. Mas que surpresa fantástica! Receei o pior: que o fim do fosse demasiado óbvio. Via o livro a acabar e o único motivo que iria levar Morton a matar a sua esposa era o facto de estar perdidamente apaixonado por Marcia… Mas que motivo mais enfadonho! A maior intriga do leitor é o motivo pelo qual Simone morre e praticamente até ao final do livro esse motivo é Marcia. Até que chegam as últimas páginas 4-6 páginas… Oh que reviravolta maravilhosa! Um final totalmente inesperado, um final que nunca sonharia sequer. É um livro que recomendo plenamente. Uma linguagem bastante fácil, uma ótima maneira de escrever e uma história fantástica. Não me admira que Dick Haskins seja bastante conhecido pelos seus policiais a nível mundial.
Sara Fernandes (12ºC)

LEITURAS

As abelhas não gostam de chuva

“Uma Abelha na Chuva” é um romance cativante e envolvente que parte de um episódio caricato da vida para nos levar a refletir acerca do oportunismo e do egoísmo humano, traduzindo-se depois numa morte inesperada.
O autor começa por nos situar na redacção do jornal onde Álvaro Sanches Silvestre, a personagem desencadeadora do enredo, se denunciava a si próprio, culpando-se por ter cometido vários erros, sendo um deles a venda de uma propriedade do seu irmão.
Álvaro era uma pessoa interesseira e, após ter recebido uma carta do seu irmão, em que este dava conta do seu regresso, apercebe-se que está numa encruzilhada, por isso, tentando emendar as más escolhas da sua vida e os traços negativos da sua personalidade, tenta fazer uma denúncia pública dos seus erros.
As personagens deste romance – Maria dos Prazeres e Álvaro – retratam a sociedade de meados do século XX, focando os casamentos por conveniência. Esta união traduz-se numa melancolia permanente, sentida por Maria dos Prazeres que, incapaz de amar o seu marido a quem considera uma pessoa deplorável, se apaixona pelo seu cunhado, irmão do marido, e se sente atraída pelo seu cocheiro, um rapaz novo e apaixonado pela empregada dos patrões, Clara.
Clara vai ter um papel bastante importante na história, pois é graças a ela que a metáfora do título é compreendida, não estando esta diretamente associada a abelhas, mas sim ao modo como as pessoas vivem e à falta que alguém de quem gostamos pode causar em nós.
Álvaro torna-se no “vilão” da história quando, ao descobrir a relação amorosa que existia entre Clara e Jacinto, o cocheiro, a denuncia ao pai de Clara, que desejava que a filha casasse com um homem rico, não se preocupando com a verdadeira felicidade da filha.
Neste romance está também patente a forma como o ser humano é capaz de “usar” o outro com o intuito de alcançar os seus objetivos, passando por cima daqueles que mais ama e daqueles que lutam pelos seus sonhos de forma digna.
Com a morte de Jacinto, Clara sente-se sozinha no mundo, desprotegida, devido ao egoísmo do seu pai e, perdendo a pessoa que mais amava, suicida-se por ser incapaz de lidar com a crueldade da vida. O Dr. Neto, após ter tentado salvar Clara, repara numa das suas colmeias e vê uma abelha sair, sozinha, exposta aos perigos, à semelhança de Clara. Esta abelha é atingida pelas gotas da chuva, morrendo desprotegida. Isto leva-nos a concluir que tudo está interligado e que muito do que nos acontece é inesperado, não sendo possível prever o que vai ser desencadeado a partir de uma pequena ação.
Este livro tem, por isso, a capacidade de prender o leitor do início até ao fim, envolvendo-o num enredo misterioso, com uma linguagem acessível, expondo as fraquezas do ser humano e a solidão que o caracteriza. É sem dúvida um livro que merece ser lido.
                                                                                                               Patrícia Pires (11ºF)

domingo, 9 de dezembro de 2012

IR AOS SÍTIOS LER OS ROMANCES

Ir aos sítios em que se passa o enredo dos livros é um fator de motivação para a sua leitura. Disso não temos dúvida. Visualizar aquele espaço, ver em que é que aquele espaço se transformou, sentir os lugares tocados pelas personagens, constituem aliciantes fortes, nomeadamente em romances históricos ou de enredo histórico. Alguns dizem que pode ser também um motivo de distração da obra ou de superficialização da sua mensagem. Mas nos dias de hoje, em que temos mobilidade e facilidade de ver os sítios, não conta apenas a leitura do leitor fechado com o seu livro, havendo até para diferentes leitores muitas leituras diferentes a partir da mesma obra. Cruzar o livro com o espaço da história e com a biografia do autor é hoje um elemento inevitável ou até desejável, segundo alguns.
Amanhã, segunda-feira, dia 10 de dezembro, mais de cem alunos do 12º ano da Escola Secundária Afonso de Albuquerque, vão ver o Palácio Nacional de Mafra (ex-convento de Mafra) e assistir à representação do Memorial do Convento. Não vai fazer nada mal à leitura, bem pelo contrário.
Já agora uma curiosidade. O diretor do Palácio Nacional de Mafra, Mário Pereira dos Santos, estudou na ESAAG, há cerca de 40 anos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Igor Costa (1985-2012)

Adeus Igor
Foi colaborador regular no EXPRESSÃO no princípio dos anos 2000. Seguiu o caminho do jornalismo e andou pelo jornal O INTERIOR e pelo SOL. Sempre manteve com a ESAAG um contacto regular de amizade e colaboração. Fez parte do júri do Prémio Riacho. Tinha na vida uma atitude de generosidade e otimismo. Partiu ontem, dia 4, antes do tempo. Tinha 27 anos.
Adeus, Igor. Fazes cá falta. Gostávamos de ti. Vamos reler os teus textos.

3 PERGUNTAS A QUEM LÊ


António José de Almeida, professor aposentado da ESAAG

Em termos de livros, o que anda a ler e o que tem lido recentemente?
Acabei de ler, ontem mesmo, um livro muito curioso, O Suave e o Negro (QUIDNOVI) de Manuel Monteiro, não o ex-militante do CDS/PP, mas um autor com raízes no nosso distrito, já que é filho do ex-Procurador Geral Fernando Pinto Monteiro. Ando a ler, sem regular sequência, Camilo Íntimo - Cartas Inéditas de Camilo Castelo Branco ao Visconde de Ouguela (Clube do Autor) e, mais de seguida, comecei Domínio Público de Paulo Castilho (D. Quixote). Recentemente, li PORTUGALMENTE / Peregrinação da Lapa a Riba-Côa de Jorge Carvalheira (Âncora Editora e Fundação Vox Populi) que tive o prazer de apresentar na BMEL. Uma palavra especial para o livro de António Osório O Concerto Interior / evocações de um poeta (Assírio e Alvim) que li há bem pouco tempo. De poesia li refracções em três andamentos de Daniel Rocha e ando a ler da QUETZAL uma ANTOLOGIA de poetas em homenagem a Vasco Graça Moura intitulada a vista desarmada, o tempo largo.

Refira uma impressão positiva de uma dessas leituras.
A prosa magnífica de Jorge Carvalheira cativa-me da primeira à última página dos seus livros. Foi o que aconteceu com este, uma "peregrinação" que, num estilo saramaguiano nos mostra as suas qualidades de grande escritor. Também positivamente me impressionaram as belíssimas fotografias de Duarte Belo que muito enriquecem este PORTUGALMENTE.

Qual a sua rotina semanal de leitura de jornais e outros periódicos?
Diariamente, o Público. Semanalmente, os regionais: Amigo da Verdade, A Guarda, Terras da Beira, O Interior e o Jornal do Fundão. De âmbito nacional: a Visão e regularmente o Expresso. Quinzenalmente o JL. Mensalmente a revista Ler. Leio a COLÓQUIO Letras, revista quadrimestral da Fundação Calouste Gulbenkian e semestralmente leio a nossa revista Praça Velha.