quinta-feira, 27 de março de 2014

Maria Mim no sábado no Sabugal


     Há tempos demos conta neste Blogue dos 50 anos da morte de Nuno de Montemor, autor de "Maria Mim" e de outras obras. Nuno de Montemor, pseudónimo de Joaquim Álvares de Almeida, nasceu em Quadrazais mas rapidamente saiu desta terra. Manteve no entanto uma afeição aos naturais de Quadrazais (quadrazenhos), "gente boa" por sinal. Tão boa que os contrabandistas quadrazenhos se tornaram os heróis daquela obra, a mais famosa do autor. É mesmo o mundo do contrabando o centro da obra.
     Este fim de semana, mais precisamente no sábado, dia 29 de março, pelas 20 h 45, terá lugar no Auditório Municipal do Sabugal uma representação teatral desta obra com adaptação de João Reis, encenador do grupo Guardiões da Lua, de Quarta-Feira (Sortelha). Vai ser interessante ver os jovens de Quarta-Feira vestirem a pele de Maria Mim, de Júlio Marinho e outras personagens desta obra.
     Mais informações sobre a obra e a representação teatral no Blogue Capeia Arraiana: http://capeiaarraiana.pt/2014/03/22/maria-mim-em-teatro-no-sabugal/

sábado, 22 de março de 2014

Dia Mundial da Poesia foi ontem

José Manuel Monteiro lendo um poema na sessão da Casa de S. Vicente
           O dia 21 de março é o Dia Mundial da Poesia. Ontem vários eventos tiveram lugar nas aulas de Português da ESAAG mas também no Museu da Guarda com alunos e professores de Santa Clara e à noite na Casa de S. Vicente (Centro Histórico da Guarda) com os poetas e atores Américo Rodrigues, José Neves, Valdemar Santos, António Godinho e o professor da ESAAG José Manuel Monteiro que declamou poemas de Ary dos Santos, Daniel Faria, Ricardo Reis e dele próprio. A propósito aqui fica o convite para visitarem o blogue de poesia que ele desenvolve de há uns anos para cá: http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/
     Eis o texto que José Manuel Monteiro nos enviou para assinalar a data:

“A POESIA É O MISTÉRIO DE TODAS AS COISAS”

A poesia é inútil, dizem alguns maldispostos e desagradados com a vida. Enganam-se. A poesia é a vida. Está todos os dias ao nosso lado. Partilha os nossos êxitos e as nossas desilusões. Aplaude-nos as alegrias mais leves ou as mais intensas. Reforça-nos o ânimo quando as horas são mais amargas. Caminha connosco cada segundo das 24 horas da plenitude diária. Acama-se quando nos acamamos. Sacia-se quando nos saciamos. Mas também anda esfomeada quando as palavras nos fogem e nos fazem negaças. Só temos de saber dar por ela e aproveitar o que nos oferece.
A poesia é tudo o que quisermos. É o desejo que faz nascer a esperança. É a esperança que alimenta a vida. É a vida que cada dia nos abraça. É o abraço que nos mima e nos acalenta. É o calor que anima a alma. É a alma que nos faz amar. É o amor que nos faz crescer. É o crescimento que nos amadurece e nos ajuda a suportar a realidade prosaica quando a angústia nos cerca. Mas também é o grito de revolta, a rebeldia que faz avançar o mundo, a ousadia que arrisca a juventude.
A poesia não é um Dia: são 365 dias de esperança.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Poeta do mês Rodrigo Santos (Galo Porno)



     O Clube de Leitura continua a divulgar a poesia dos poetas da nossa cidade. No mês de março damos a conhecer a poesia de um antigo aluno da escola, Rodrigo Santos, que assina os seus livros com o pseudónimo Galo Porno. Frequentou esta escola entre 1993 e 1999 e foi aqui que também estagiou, depois de se licenciar em Línguas e Literaturas Clássicas. Publicou catorze livros em edição de autor: poematada I-X, simonódia, contos, meu galo meu falo e parerga - que amavelmente ofereceu à biblioteca da escola. 
    Os contos Grégoire e Autópsia segundo o Filho foram representados no TMG sob a direção de João Louro. 
Atualmente está a reconstruir uma antiga escola primária, onde tenciona morar com a esposa e os filhos. Deixamos aqui dois textos para aguçar a curiosidade dos leitores.
       as tuas palavras*
_______ #1 porque as tuas palavras são
claras como a água sem precisarem de cloro
ou lixívia e porque tuas ideias nelas soam
ritmadas sem adornos dourados ou pesos
supérfluos te escutam benevolentes os homens
que antes te perseguiram acusado de muito
escrever sem nada fazer que além fosse das
letras; e hoje marcham sobre o teu canto, e
hoje se queimam sob o teu canto – porque
descobriste a clareza da ribeira com o leito
sossegado dás de beber da água que corre
pelo pó repousado aprendendo que na margem
deve ficar quem não quer enturvar a sede do
outro lado

.
 as tuas palavras*
_____ #2 agora te espantas por que não falam
assim todos admirando como tentam falar uns com
os outros. e descobres que vão nus debaixo de muito
discurso; e percebes que descalços pensam pisar
tapetes. mas o vento que vem forte atira com eles,
e o tempo frio os aniquila; mas o caminho pedregoso
desfaz-lhes os pés, e o tempo quente os aniquila.
em busca da dignidade humana apagaram a dignidade
animal; assim perecem reunidos e esqueléticos como
fósforos na caixa do demónio que traz a luz. encontram
ao fim todos o carvão com o fumo pelas terras; e
calados se espalham impotentes ao longo dos campos
que alimentam netos desconhecidos