Padre-escritor morreu a 4 de janeiro de 1964
O meu contacto com Nuno de Montemor
remonta à juventude e confesso que li quase todos os livros deste autor. Na
altura em que estudava na Guarda a sua editora abriu falência e aproveitei para
comprar alguns dos seus livros com alguma dificuldade pois as economias não
eram muito abonadas. Comecei pelos contos e acho que o primeiro livro foi
“Rapazes e moças da Estrela”, mas recordo também a leitura de “Encantos meus”.
São contos moralizantes e cheios de uma naturalidade espontânea que retrata as
pessoas com quem o autor de certeza convivia no seu dia-a-dia. Aliás, nas suas
obras, é bem visível a paixão que o atraía para as pessoas especialmente que
sofriam os males da sociedade. Daqui nasceu como sabemos a sua obra-mestra que
ainda hoje continua na nossa cidade: o Lactário Dr. Proença. Mais que a sua
obra literária.
Uma obra que também recordo ainda
bem foi a sua primeira novela/romance escrita ainda com o seu nome, Álvares de
Almeida, chamada “Lodo e Neve”(1915). O enredo simples e carregado de compaixão
pelo próximo na “ternura” religiosa pelos pecadores retrata a vida difícil de
uma mulher saída da prostituição e tuberculosa numa cidade fechada e cáustica
onde não é difícil ver a Guarda daquela época. Claro que a nível literário a
obra-prima do autor é sem dúvida “Maria Mim”, o romance da sua terra, quadrazenho de raiz, de amores e de escrita. A novela mais completa e mais castiça do seu
espólio. Aí guardou a gíria quadrazenha e imortalizou essa figura genuína e
representativa da autenticidade e até - porque não – da honestidade
quadrazenha.
Para mais pormenores sobre a vida e obra de Nuno de
Montemor, aqui ficam dois sites a consultar:
José Manuel Monteiro (professor na ESAAG)
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